sexta-feira, 29 de abril de 2016

Comparando os Planos

O Plano de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública: Atividades – meio,  foi desenvolvido pelo Arquivo Nacional, pela Secretaria da Administração Federal e pelo Ministério do Planejamento e Orçamento e posteriormente aprovado pelo Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ. O CONARQ em sua resolução define o seu plano “como um modelo a ser adotado nos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Arquivos – SINAR”, ou seja pela Administração Pública Federal e mais especificamente, os Órgaos do Poder Executivo federal.

As classes principais correspondem às grandes funções desempenhadas pelo órgão (Funcional). Elas são divididas em subclasses e estas, por sua vez, em grupos e subgrupos, os quais recebem códigos numéricos.

Em levantamento realizado (Souza 2006), a maioria (86%) dos usuários afirmou possuir dúvidas em relação à aplicação do Plano CONARQ na prática. As "queixas" mais comuns foram:
  •         Dificuldade de entendimento do Código por desconhecimento e/ou falta de clareza do instrumento;
  •        Possibilidade de classificar em mais de um código, ou seja, dá margem a múltiplas interpretações; e
  •          Defasagem do Código - não contemplando todas as funções e atividades desenvolvidas pelos órgãos


SOUSA, Renato Tarciso Barbosa de. et al. O uso do código de classificação de documentos de arquivo do Conselho Nacional de Arquivos. Arquivistica.net, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 19-37, 2006.

Uma crítica ao Plano Conarq é que dada a sua complexidade se torna necessário o acompanhamento de um arquivista para utilizá-lo, e ainda, adaptá-lo ao órgão. 
A aplicação do instrumento se torna bastante confusa quando são encontradas, no mesmo nível de classificação, as seguintes incidências: assunto como função, tipologia documental ao lado de espécies documentais, atividade ao nível de uma função, tipologia documental empregada como assunto. 

Outra crítica é o uso do termo “assunto” pois se refere, mais apropriadamente, ao conteúdo estrito de um documento. Ocorre que ora entendido como “atividade”, ora como “tema” gera inúmeras confusões.  Baseado no CDD, o plano se aproxima mais de um modelo Temático do que Funcional.

Constata-se também a limitada capacidade de expansão do plano de classificação. O principal fator de restrição deste método é que somente nove dígitos podem ser utilizados para representar o primeiro nível da classificação.


Estudos realizados sobre diferentes Planos (reais) de Classificação:

- O Plano de Classificação do Senado tem com base o método de classificação funcional, em que os tipos e séries documentais ficam relacionados à área, função, subfunção e atividade (com seus respectivos tipos documentais - ou séries documentais) que originaram sua produção. Também foi estabelecida a hierarquização das funções até chegar aos documentos.

O primeiro critério para classificação dos documentos é a identificação de sua área de produção - Área Fim ou Área Meio.

Os códigos iniciais de 01 a 49 foram reservados para Funções da Área-Fim e os códigos de 50 a 99 utilizados para Funções relacionadas à Área-Meio.

O sistema de codificação é composto por quatro campos numéricos separados por um ponto, onde cada campo representa um nível de classificação.


- No Plano de Classificação de Documentos por Assuntos da ANEEL, os assuntos levantados foram divididos em três grandes blocos, sendo o primeiro voltado para as atividades amplas de gestão, o segundo para as  atividades-meio e o terceiro para as atividades-fim .

Especificamente nos assuntos relacionados às atividades-meio, adotou-se como base, o  plano do CONARQ.

Para elaboração deste plano, os assuntos levantados foram divididos em três grandes blocos, sendo o primeiro voltado para as atividades amplas de gestão (itens 001 a 009); o segundo para as atividades de natureza administrativa (010 a 090); e o terceiro para as atividades vinculadas às atribuições da Agência (100 a 800).

Itens 001 a 009, respectivos grupos e subgrupos

Aqui foram incluídos "os assuntos referentes às atividades que tratam diretamente das metas institucionais, seu planejamento, a defesa dos princípios adotados, bem como as relações de parceria estabelecidas com outras instituições no intuito de alcançar seus objetivos mais amplos, enquanto órgão regulador e fiscalizador do setor elétrico brasileiro".

Os itens 001, 002 e 005 contemplam as atividades de relações Institucionais, planejamento da gestão institucional e defensoria.
Os Itens 010 a 090  "refletem as atividades meio ou administrativas e financeiras e abarcando assuntos relacionados à Secretaria, recursos humanos, materiais e financeiros, comunicação e informação". Idênticos à organização do Plano do CONARQ.
Nos Itens 100 a 800 foram contemplados os assuntos relativos às atividades fim da ANEEL e por este motivo, refletem suas atribuições reguladoras e fiscalizadoras. "Para a inserção dos itens pertinentes no referido Plano de Classificação, adotou-se como recurso o agrupamento dos assuntos inerentes a algumas Superintendências a partir da afinidade existente entre as atividades desempenhadas pelas mesmas ...".

"Grande bloco" - Àrea-fim
100 e 800 – VAGO
200 – Estudos e Regulação Econômica do Mercado e Estímulo à competição
Espelha as atividades desenvolvidas pelas Superintendência de Regulação Econômica e Superintendência de Estudos Econômicos de Mercado.
300 – Relações com o mercado e Ouvidoria
Abarca apenas as atividades desenvolvidas pela própria Superintendência de Mediação Administrativa, ou seja, ações de mediação e de gestão de conflitos.
400 – Gestão de Potenciais Hidráulicos
Os assuntos refletem as atividades desempenhadas pelas Superintendência de Gestão de Potenciais Hidráulicos e Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas.
500 – Outorga de Concessões e Autorizações
Reúne os assuntos/atribuições das duas Superintendências encarregadas das análises e das   aprovações de implantação e exploração de unidades geradoras hidrelétricas, termelétricas, eólicas, bem como dos serviços de transmissão e distribuição de energia elétrica, ou seja, Superintendência de Concessões e Autorizações de Geração e Superintendência de Concessões e Autorizações de Transmissão e Distribuição.
600 – Fiscalização da geração, Qualidade do serviço e Econômico-Financeira
Nesta classe foram agrupados os assuntos pertinentes às áreas voltadas para as ações de fiscalização exercidas pela ANEEL, tanto no que se refere à qualidade do serviços de geração, como dos serviços de eletricidade e o desempenho econômico–financeiro dos agentes. Engloba, portanto, as Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração, Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade e Superintendência de Fiscalização-Econômica Financeira.
700 – Regulação Técnica e Padrões de Serviço
Foram agrupados os assuntos pertinentes às atividades de regulação dos diversos serviços de energia elétrica desempenhadas pelas Superintendência de Regulação dos Serviços de Geração, Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão, Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição e Regulação dos Serviços de Comercialização da Eletricidade.          

900 – Assuntos Diversos


- Classificação do fundo Isaac Francisco Rojas

Foi classificado em Seção, Sub-seção, Série e Sub-série, quais sejam:
AGRUPACIONES/ SECCIONES DOCUMENTALES; SUB-SECCION DOCUMENTALES; SERIES DOCUMENTALES e SUBSERIES DOCUMENTALES

As seções foram: 01. PERSONAL; 02. CARRERA MILITAR; 03. VICEPRESIDENCIA PROVISIONAL DE LA NACION; 04. RETIRO EFECTIVO; 05. ACTIVIDAD POLITICO- INTELECTUAL; 06. COLECCION BIBLIOGRAFICA; 07. DEHN (numeração acrescentada pelo grupo para fins didáticos.

Como está no fundo:

FONDO DOCUMENTAL: ISAAC FRANCISCO ROJAS

_SUBFONDO DEHN

__INVESTIGACION “REVOLUCIÓN LIBERTADORA”

___ANTECEDENTES DE LA REVOLUCION LIBERTADORA DEL AÑO 1955 Y EL ACTO SUBVERSIVO DEL 28 DE SEPTIEMBRE DE 1951

_____RECORTES DE PRENSA
http://www.archivosabiertos.com/docs/fondoRojas/cuadroSeccionesySeriesDocumentales/subfondo-dehn.html#RECORTESPRENSA

Exemplo de como poderia ser representando em blocos numéricos:
07. DEHN;  
07.01 INVESTIGACION “REVOLUCIÓN LIBERTADORA”;
07.01.05 HISTORIA DE LAS OPERACIONES DE LA MARINA DE GUERRA EN SEPTIEMBRE DE 1955-MENSAJES NAVALES e  
07.01.06 RECORTES DE PRENSA.


Para efeitos de comparação vimos como ficaria classificado o mesmo documento no Plano de Classificação do Senado Federal e em um plano baseado no do CONARQ, no caso ANEEL:

Espécie e Função:  
Manual - de Gestão de Documentos e Informações

No plano Senado Federal:

54 Função Gestão de Documentos e Informações
54.01 Subfunção Normatização da Gestão de Documentos e Informações
54.01.01 Atividade Elaboração de Normas e Diretrizes referentes à Gestão de Documentos e
Informações
54.01.01.06 Tipo Documental Manual de Gestão de Documentos e Informações

No plano ANEEL *:

060-    Documentação e informação
063 - Gestão de Documentos
063.1 – Normas, manuais, legislação
* "atividade", Grupo e Sub-grupo

Notem que o mesmo documento está mais bem caracterizado no Plano do Senado.
Fundo Arquivístico Queima de Arquivo



Em atividade proposta, o Queima de Arquivo escolheu 3 documentos façam parte de seu próprio fundo arquivístico, são eles:

  • Termo de Posse do ex-secretário de educação do Distrito Federal, Marcelo Aguiar;
  • Vídeo com um trecho do documentário Brazil: A Report on Torture (1971), de Haskell Wexler e Saul Landau;
  • Blog Queima de Arquivo de avaliação da disciplina Diplomática e Tipologia da Faculdade de Ciências da Informação, Universidade de Brasília.


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Análise documental do filme "Gueto"


Aluno: José Maria Ramos de Moraes

Dentre algumas espécies documentais que foram utilizadas ao longo do documentário, para sua produção e registro foi determinado em sala exercício que propunha escolher ao menos 3 documentos e criar um plano de classificação para eles.
1 – Diário: diário de Adam Czerniakow, líder do “Judenrat” do gueto de Varsóvia, fundo do próprio produtor.
2 – Depoimento: depoimentos de judeus que viveram no gueto. Fundo da produtora do documentário.

3 – Filme: gravações produzidas pelo cameraman Willy Wist com o intuito de mostrar a vida cotidiana dos judeus no gueto de Varsóvia. Fundo da produtora do documentário.


Filmografia
Fundo da diretora Yael Hersonski
Espécie
Titular
Função arquivística
Tipo Documental




Gueto


Diário


Adam Czerniakow



Registrar os momentos vividos no gueto, servir de testemunho para posteridade.

Diário para registro de testemunho, do cotidiano no Gueto de Varsóvia


Depoimento


Vítimas

Registrar os depoimentos dos sobreviventes do gueto.
Depoimentos dos sobreviventes do gueto relatando o cotidiano e analisando as filmagens produzidas pelos nazistas.


Filme


Willy Wist

Registrar cotidiano dos judeus no gueto de Varsóvia para produzir o filme de propaganda nazista.

Filme registro do cotidiano no gueto de Varsóvia mostrando a vida dos judeus.
Screenz


Ha-Agam


Be Tipul




Variação dos contextos documentais

Foi solicitado abordar três documentos do fundo GRUPO QUEIMA DE ARQUIVO, na disciplina Diplomática e Tipologia Documental e como eles podem e conseguem se configurar como documentos museológicos.


http://www.penn.museum/sites/artifactlab/files/2013/04/archives.jpg

A semelhança entre "museus, arquivos e bibliotecas - locais para estudo e guarda de bens culturais (patrimônio)", "espaço intelectual de manifestação de memória do homem, da sua capacidade de criação" Lima (2007), resume-se a "complexo cultural, que se afigura como lócus da Memória e Preservação -- museu, biblioteca e arquivo; “lugar de memória”, (NORA, 1984) apud Lima (2007)

Cita também a existência e guarda de "acervo" e a característica de repositório como "... terreno comum para exercício de campos diferentes" Lima (2007);

Portanto, não foi encontrada no artigo de Diana Lima alguma tentativa de tipificar documentos de arquivo como museológicos.

A documentação museológica (com seus sistemas de indexação e recuperação da informação) tem maior diálogo com a Ciência da Informação e Ciência da Computação.
Na verdade são apontadas maiores relações interdisciplinares com a Comunicação; História da Arte; Arquitetura; Biblioteconomia; Ciências Ambientais e Ecologia; e até com a "Moda" (vestuário e acessórios) do que com a Arquivologia.

O que restou compartilhado foram as atuais disciplinas de Preservação, Conservação e Restauração (e sua interdisciplinaridade com a Química), onde a Museologia teve, inclusive, maior destaque. 

 

Os itens documentais analisados foram:

 

  • Blog propriamente dito (Queima de Arquivo)  - para interação/avaliação da disciplina DTD

  • Dinheiro em moeda e papel-moeda do acervo pessoal de José Maria.

  • Certidão de filiação partidária autêntica e "verdadeira" de filiação de Sergio Moro do Paraná

Estes documentos dentro de seu contexto (Fundo do grupo) e no cumprimento de sua função (prova de realização de atividades da disciplina e instrumento de avaliação do discente) são arquivísticos.

Caso sejam tombados, constituindo uma coleção, com funções educacionais e de entretenimento, poderiam fazer parte de coleções museológicas. Exemplos: Museus temáticos: sobre Formas pedagógicas inovadoras aplicadas ao ensino (de Arquivologia ou outras) com utilização da rede mundial de computadores; a coleção do aluno José Maria, exposta entre outras, sobre evolução histórica do dinheiro nos diversos países; ou Boatos e Lendas urbanas, com as respectivas explicações sobre como foram esclarecidos e as motivações.